quinta-feira, 27 de novembro de 2008

mensagem para os dois leitores desse blogue rsssss.

Um pedido de desculpas por não estar atualizando o blogue com frequência. Tem sido difícil nos últimos tempos e também tenho tido dificuldades de colocar vídeos novos no youtube. Prometo me esforçar para mudar isso.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

JANELA INTERNACIONAL DE CINEMA DO RECIFE

Quinta-Feira dia 13 de Novembro começa a primeira edição do festival internacional de curta-metragem em Recife. A programação-curadoria vai certamente trazer muitos novos olhares e pensamentos em cima de uma produção atual e variada do cinema nacional e internacional. Vale a pena dar uma conferida pra quem puder (aqui de fortaleza vai um pequeno comboio rrsss). Pra gente já é um festival de referência, quando der a gente vai botar as nossas impressões aqui no blogue.
abaixo as vinhetas muito instigantes e extremamente originais do festival.







terça-feira, 4 de novembro de 2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

texo que a Karen Akerman escreveu sobre Um homem sem mulher para a mostra do filme livre.

Um Homem sem Mulher

“O “Tempo íntimo” de Homem sem Mulher. Um filme que tenta viver (respirar) a intimidade ao invés de discursar sobre o íntimo”. Ricardo Pretti

Uma porta fechada. O réquiem em ré menor de Mozart surgindo no início do filme, nos conduzindo discretamente e delicadamente a adentrar na intimidade do homem. A masturbação aflita, desesperada, só. A música termina junto com o gozo e nos faz ficar a sós com esse homem que está se deparando com a sua solidão. A partir daí acompanhamos, em um tempo corajosamente real, a trajetória do nosso anti-herói em busca de um alívio ou uma resposta ou um sentido ou tudo aquilo que se perde quando se leva um chute na bunda. Não saber o que fazer, pensar no que não foi, sair sem rumo, pensar em nada, procurar um amigo, falar sobre a vida, encher a cara, insistir no que já não é mais, se retirar, experimentar a passagem do tempo em silêncio.

Neste filme bastante singular o que chama a atenção é a forma com que os diretores Luiz e Ricardo Pretti, (sendo o primeiro o câmera e o segundo o ator do filme) expressam o sentimento do personagem através de um tempo que é real – em todos os sentidos – seja o sentido do “passar do tempo” (a duração da experiência do início ao fim do filme) como também no improviso dos atores que vivenciam muito mais do que interpretam aqueles personagens. Ficamos sem saber até que ponto são reais ou criados ali, no momento do plano.

Karen Akerman

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

uma das melhores cenas que já fizemos

pelo menos é o que eu sempre achei.

(um homem sem mulher)

(parte 1)




(parte 2)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

UM HOMEM SEM MULHER

esse filme é mais difícil de cortar, pois ao contrário do dias em branco e do fragilidade este aqui é um filme narrativo. o filme conta a saga de um homem que se vê sem mulher (como fica evidente no primeiro trecho do filme).
quando fizemos esse filme não estávamos muito interessados em fazer um grande filme, e também não estávamos muito interessados em fazer cinema, e sim em viver certas situações que pareciam muito mais importantes que ficar em casa vendo filmes.
e aí é que entra a crise no filme. o que acontece é que para um rapaz em formação, a mulher
vem a ser um primeiro contato maior com o mundo e quando isso termina é necessário manter-se de alguma forma em conexão com esse mundo.
esse filme é a constatação de que depois do primeiro contato não tem mais volta. o mundo te engole e ele é muito mais belo do que a gente poderia imaginar.






terça-feira, 7 de outubro de 2008

Um textinho sobre o Cine Alumbramento

O cineclube para nós é um evento que existe para provocar o debate e estimular o diálogo entre artista e espectador. Por isso, escolhemos construir a nossa programação com filmes em que o realizador ou alguém da equipe possa estar presente para o debate.
Queremos dessa forma estimular artistas da cidade a fazerem novos trabalhos e instigá-los também a exibirem seus filmes no cineclube (até porque sabemos bem como é difícil exibir/expor os nossos trabalhos).
Portanto, este é tanto um convite para que vocês venham ao Cine Alumbramento como um convite para a feitura de filmes e a exibição dos mesmos em nosso cineclube.
Aí está a razão de ser do Cine Alumbramento.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Três fotos dos filmes do CINE ALUMBRAMENTO




AMANHÃ, TERÇA DIA 7 DE OUTUBRO 19:30 NO ALPENDRE!!!

sábado, 4 de outubro de 2008

CINE ALUMBRAMENTO

É O PRIMEIRO DE MUITOS!!!!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

FRAGILIDADE

a gente fez o fragilidade com 18 anos. filmamos tudo num fim de semana. o felipe e a carol pratagonizavam e a thais era codjuvante além de fazer a continuidade. o ivo (que ainda não era fotógrafo) foi o nosso assistente. foi um set divertido e tranquilo apesar da correria contra o tempo. o pedro editou com a gente.

agradecemos em muito, todos.

é engraçado rever essas imagens, pois percebo como que de fato o que estava em jogo não era tanto o aprender a fazer cinema e sim aprender a ver e entender cinema. nesse sentido é um cinema de espectador e não de diretor. até hoje é mais ou menos assim, apesar de agora dirigirmos filmes de fato. só há pouco tempo que nos interessamos mais seriamente com a realização técnica e isso fica bem evidente nos nossos filmes mais antigos que não se importavam em serem toscos, sendo essa uma das razões para poucos gostarem deles (mas isso não tem importância, esses filmes realmente não são para serem gostados). esses filmes são estudos. era a nossa forma de ter certeza de que estávamos entendo os filmes a que assistíamos. é claro que sempre ficava a sensação de que não tínhamos entendido porra nenhuma. mas aos poucos estamos aprendendo e podemos dizer tranquilamente que hoje entendemos bem mais o nosso trabalho.

enfim, um filme como estudo teórico, cinefílico. tem os seus momentos.

vinvenders e aprendenders!

coloco junto com os filmes os cineastas em que pensávamos para cada cena (devo estar esquecendo alguns). dá pra ver a loucura que se passava pelas nossas cabeças rs.


(cinema experimental americano, principalmente warhol e brakhage)





(brian de palma)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

TRÊS FINAIS

FRAGILIDADE (LOU REED)





UM HOMEM SEM MULHER (ANNETTE PEACOCK)





DIAS EM BRANCO (EBERHARD WEBER)


terça-feira, 9 de setembro de 2008

Leo Marona nos revela

essa parte do filme diz muito sobre a nossa forma de fazer filmes e a forma do leo escrever. existe uma posição ética na relação da vida com a arte que talvez venha do nosso amor (eu, luiz e leo) por bukowski e céline e que nessa cena é muito bem colocada na colocação da câmera, no texto, no improviso, na auto-reflexividade e na aposta em uma criação coletiva (todas as cenas do filme foram criações conjuntas, mas essa cena deixa isso bem claro). leo pra mim é um puta ator! a música no começo é uma composição do john cage e é uma das coisas mais lindas que eu já escutei (tinha me esquecido dela não sei como).

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

mais um sobre dias em branco

esse texto o ikeda escreveu pro blog dele.

O Branco em Filme

Dias em Branco
de Irmãos Pretti
DVD,

Há um filme do Arthur Omar chamado Congo, que ele próprio denominou como “um filme em branco”. Em branco, pois o que podemos saber sobre os congos, o que um documentário pode nos fornecer de informação sobre uma manifestação cultural de nós tão distante, quase perdida?

“Dias em Branco” parte mais ou menos da mesma premissa: é um filme em branco. Mas há uma pequena diferença, sutil, mas que faz toda a diferença: um dia “em branco” é muito diferente de um “não-dia”. O “em branco” é sinal de construção. “Não sei o que fazer. Fico o dia todo olhando para a parede branca de meu quarto. Eu poderia filmar essa parede, já que a conheço bem.”. Ou seja, i) a parede em branco significa que existe uma parede; ii) a parede não é motivo simplesmente de paralisia, mas motiva a ação de filmar essa parede.

A partir desse dado simples, os irmãos pretti desenvolveram um trabalho em continuidade com todos os seus temas (a solidão, o rigor da estrutura, os tempos mortos, a duração) mas absolutamente transformador. Através de uma narrativa paralela mas que não necessariamente se cruza, Dias em Branco é um retrato íntimo de um deslocamento mas sem esbarrar na psicologia ou nas motivações de personagens. Acima de tudo, as pessoas são (isto é, antes de ser branca, a parede existe). Por isso, por trás de um cinema de inércia, da imobilidade e do desconsolo, existe um desejo que pulsa abaixo da superfície, um cinema que busca um caminho de construção por trás do cansaço. Existe uma comunhão implícita entre os personagens, mesmo que eles não se encontrem. Uma proposta de cinema moderna, que tangencia os instigantes trabalhos de problematização da dramaturgia como os de Claire Denis e os filmes de reavaliação das potencialidades do cinema (e das pessoas) poder em expressar seus sentimentos, como os filmes orientais. Na liberdade da câmera, na sutileza dos contornos narrativos, pela liberdade da dramaturgia, pela força de estrutura, não seria exagero dizer que se Dias em Branco não é o melhor filme dos meninos (o que talvez até seja), é o que mais aponta para novas perspectivas e potenciais na filmografia dos diretores.

Marcelo Ikeda

ÁLVARO DANÇANDO

umas das cenas mais bonitas que já filmamos.


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

mais um texto sobre dias em branco

esse texto quem escreveu foi o jõao. eu gosto muito do texto. acho que principalmente pelo fato dele não ser crítico de cinema. é uma outra visão.

Dias em Branco

Quando, dizendo “nada”, diz-se muito.

“I have nothing to say / and I am saying it / and that is poetry / as I nedeed it”. Resume-se aí o argumento central do último filme dos irmãos Pretti, “Dias em branco”, neste poema de John Cage, apresentado em tela preta ainda no início da película, corrijo-me, vídeo. V-Í-D-E-O, sim. Pois o meio assume uma ênfase quase “guerrilheira” para essa fértil dupla que já ultrapassa a marca dos vinte e seis filmes realizados, desafiando os impedimentos materiais que asfixiam a sétima arte no Brasil. Não estou a par de toda a sua produção, mas se pelo menos um quarto for de qualidade comparável a este último, desbancam qualquer diretor brasileiro da atualidade e muitos dos já consagrados.



Abro aqui um rápido parêntesis para tratar da dificuldade de criticar um trabalho do qual participei diretamente – como se posicionar criticamente em relação a algo em cuja execução se está envolvido pessoalmente? Poderia enveredar pelo caminho da informalidade ou do diálogo “artístico”. No entanto, decidi-me pela crítica teórica mesmo, rejeitando qualquer pretensão à neutralidade, que, de qualquer forma, é sempre uma quimera, afinal, o sujeito não pode nunca se “desligar”. Dessa forma, atenho-me, também, às minhas concepções estéticas, apoiadas, como estão, na crença de que não existe arte sem o discurso sobre arte; que ambos se mesclam, indissociavelmente, num mesmo domínio comum, e que o próprio discurso teórico é também arte. Portanto, teorizo sim, mas com muita “arte”.



“O que enquadrar?”, pergunta uma das personagens, lendo um texto escrito por um dos diretores (Ricardo). A pergunta ganha ares de exercício metalingüístico no desenrolar do trabalho. O que fica explícito numa das cenas finais, em que duas das personagens principais - aliás, personagens não, pois os diretores afastam-se deliberadamente das personagens psicológicas da dramaturgia convencional, mas, sim, “atores-artistas”, ou “animais interrompidos”, na feliz definição de Alvaro Fagundes, que também participa do filme, protagonizando uma graciosa cena de balé a contra-luz – discutem a realização de um roteiro. Um roteiro que não se efetiva, não se realiza como “obra acabada”, e nem poderia, dado que o próprio filme é uma obra inacabada: “ainda não é o fim”, conforme se lê nos créditos finais. Não é o fim porque continua encarnado nos “atores-artistas” - que na última seqüência caminham em direção à câmera transpondo o seu limite, indicando que a coisa continua - cuja participação é “indispensável” (outra dica dos créditos) à idéia essencial abordada pelo filme: o próprio processo de criação, vivido e representado. Não o momento de materialização, de cristalização da idéia em obra fechada, mas sim aquele momento inefável, aquele fluxo que não se interrompe, aquele algo que não se captura, fugidio como notas num improviso musical (o paradoxo é apenas aparente, como a própria palavra inefável). A metáfora é o mar – ou talvez o mundo natural como um todo, “flagrado” em diversas tomadas (a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Morro dos Cabritos, as amendoeiras e flamboyants que arborizam as ruas da Zona Sul ou um gato desconfiado que se esconde num canteiro de marias-sem-vergonha) -, entidade em permanente movimento, agindo independente e incessantemente; não se pode contê-lo; esmiuçar uma gota que seja do seu ser é perder o sentido de movimento, da força augusta e inelutável que o move. No entanto, pode-se “flagrá-lo” na intensidade do momento, fruir, sem possuir, sua beleza. O que se intui com o filme é uma ética substancial da própria materialidade, não há nenhum significado secreto aqui; o que conta, em última instância, é o próprio estar no mundo, e dever, de qualquer forma, interagir com ele; o espaço é realidade, é vivência. É esse o sentido da obra inacabada dos gêmeos: fluxo de criação, arte em construção.



Assim, a metalinguagem acompanha a câmera no percurso de três jovens artistas em conflito com o seu meio de expressão, vivendo seus “dias em branco”: um cineasta que não sabe o que enquadrar, um escritor sem sua musa e um pintor que não pinta há seis meses. Todos enfatizam “o nada”: não como ausência, mas um “nada substancializado” (a “parede branca”); o nada precondição e fulcro da criação; o nada verdade, vivido e representado, pedra angular da idéia essencial exposta acima. Esse é o nada que aparece no irônico poema de Cage que abre o filme, e é o mesmo buscado pelos irmãos Pretti em sua “obra inacabada” – quando, dizendo nada, se diz muito. Cinema que pensa, pensa-se e pensa o mundo. Parabéns, meus queridos artistas do nada.


João Duarte.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

três outras cenas do dias em branco

três momentos de solidão. eu gosto muito dessas cenas. principalmente a decupagem.








mais dias em branco

esse texto o ikeda escreveu na época em que o filme passou na mostra do filme livre. o texto fazia parte do catálogo.

“Eu ainda não me atrevo a ser alguém”
Dias em Branco, dos Irmãos Pretti

Selecionados por engano, Dias em Branco e O Primeiro Grito foram uma sessão-ilha dentro da Mostra do Filme Livre. Isolados no último dia do evento, disputando espaço com a premiação, foram solitários representantes do “alternativo dentro do alternativo”. Antípodas de Um Maluco em Copacabana, são trabalhos que indicam um cinema jovem na contramão dos cacoetes de um cinema alternativo. Propõem um trabalho austero de linguagem, de reavaliação das potencialidades da linguagem cinematográfica em expressar os sentimentos, expandindo os horizontes da narrativa clássica e examinando alternativas para seus personagens em crise. Com isso, dialogam com uma proposta contemporânea de dramaturgia, como os recentes filmes de Sofia Coppola e Vincent Gallo.

O Primeiro Grito é um filme de contenção. Logo após o longo plano-seqüência que abre o filme e que estabelece um mote, o curta estabelece um trabalho de contraposição entre os ambientes em expansão, que oferecem ao protagonista uma nova alternativa e a clausura de sua postura pessoal. Um “road movie” às avessas, filme de grande desterritorialização, de imersão aguda e ao mesmo tempo distante das motivações e dos sentimentos desse protagonista, o filme promove uma reavaliação do potencial do cinema em perseguir um íntimo, uma caminho interior. Seu deslocamento de si faz parte da proposta de provocar uma angústia: um não-estar lá.

Dias em Branco percorre o mesmo trajeto, mas faz um adendo metalinguístico: é sobre as angústias do artista em seu processo de criação. Processo esse que se confunde com sua vida rotineira, ou melhor, com uma vida não-vivida. Ou seja, um não-estar lá. Ao mesmo tempo, um humor atípico (autocrítico) e um desejo pela linguagem preenchem o filme, contrastando até com o rigor e a inércia de O Primeiro Grito. O humor naive, a tendência à autocrítica se misturam a um trabalho de grande afetividade, de um mergulho possível na intimidade partida desses jovens que buscam uma maneira de sobreviver. Com isso, busca-se um trabalho mais livre de expressão dos sentimentos, de compartilhamento de uma angústia, de uma reflexão sobre a possibilidade de uma alternativa e qual o papel do artista e do processo criativo diante disso. Diante de suas impossibilidades, a criação surge como desejo de expressão desse descompasso: um não-estar lá se confunde com um não-ser. A saída do absurdo da vida muitas vezes parece ser o cerne da criação artística: dizer o nada é uma forma de dizer, de expressar-se, de viver. A vida passa a ser um acúmulo de entremeios possíveis, um “tempo de espera possível”.
Dois filmes, em conjunto, que investigam novas possibilidades de expressão para o cinema, que se preocupam mais com as perguntas do que com as prontas respostas. Fora do gueto dos filmes-de-efeito, dos filmes-piada, ou dos cacoetes da dita produção alternativa, são mergulhos desiguais numa afetividade possível, reflexo de um deslocamento, de um tempo-espaço outro, trabalhos que prosseguem sendo incompreendidos, malditos, detestados, não-vistos. Quem não os viu nessa sessão da Mostra do Filme Livre provavelmente nunca mais os verá. Um cinema da solidão condenado a ser solitário.

Marcelo Ikeda

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

DIAS EM BRANCO










fizemos esse longa com alguns amigos. isso é talvez a afirmação mais contundente com relação a esse filme. esses amigos não tinham, e continuam não tendo, nada a ver com o fazer cinematográfico (a não ser em nossos filmes). esse filme é sobre a nossa amizade, uma amizade livre de qualquer interesse a não ser pelo de se encontrar e o de se estimular criativamente (intelectualmente). uma típica amizade jovem (talvez não tão típica). eu fico muito feliz em ver a maneira como todos se jogam pra fazer o filme aparecendo na frente da câmera, se colocando como criadores do filme junto com a gente.
em muitos momentos fica patente a nossa ingenuidade jovial que quer falar de coisas que a idade não parece permitir: jovens não são daquele jeito, não podem falar aquelas coisas, ninguém tem tanta crise assim nessa idade e assim por diante. talvez se fôssemos franceses seria mais fácil de aceitar esses jovens rssss.
um outro dado pertinente no filme é o de sermos burgueses, coisa que no cinema brasileiro é um pecado a não ser que você seja o domingos de oliveira ou faça comédias (vide walter hugo khouri). burgueses da zona sul carioca que (como disseram uma vez) deveriam conhecer a tijuca.
escrevo isso tudo pra dar uma idéia do que estava em jogo. acho que fica bastante claro o porquê da falta de interesse em nossos filmes. poderíamos dizer que eram filmes suicidas, mas para além disso, os filmes eram feitos com muita paixão, muito amor por cinema e uma incansável e inquieta vontade de se superar e de ir o mais fundo no que a gente tava fazendo.
o filme foi feito num clima de total descontração. íamos pras casas dos amigos e ficávamos batendo papo até chegar um momento que achávamos que estava bom pra filmar. e dessa forma o filme foi aos poucos se fazendo. queríamos fosse assim, pois o filme anterior (performance) tinha sido um estresse de produção (pelo menos pra gente).
o filme é sobre esses amigos, mas tem uma coisa engraçada que é que eles nunca conseguem se encontrar. só no final.
vamos postar algumas cenas que talvez sejam as mais interessantes, mas escolhemos elas por acreditar que elas mostram o que tem de mais instigante no que a gente faz. ainda gosto muito dessas cenas. quem viu "do diário de sem dias" do post anterior perceberá como os dois filmes tem muito a ver um com o outro. vemos até o mesmo buraco na sala.
também postaremos três texto que foram escritos sobre o filme. dois pelo ikeda e um pelo joão duarte.
por favor, sintam-se a vontade de comentar.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

DO DIÁRIO DE SEM DIAS





esse curta a gente fez como exercício para o longa "dias em branco" que fizemos logo depois desse aí.
a idéia era fazer tudo com a câmera na mão só que com movimentos autônamos. é claro que fica meio tosco, mas a gente queria isso mesmo. na época estávamos vendo sgenzerla na belair.
uma outra referência é o joão césar monteiro, desde que o conhecemos percebemos que o humor podia ser muito bem vindo no que a gente tava fazendo. o joão césar é sem dúvida uma das nossas maiores referências.
um curta despretensioso, mas com algumas investigações formais interessantes. eu gosto do uso das fotografias fixas, gosto também da intervenção no diafragma e da maneira como o som repentinamente sai de cena. outra coisa que eu gosto é a importância que a gente dá pra uma frigideira com óleo. o uso da música. a gente sempre tentou criar uma estrutura para logo em seguida quebrar com ela, o problema é que muitas vezes essa estrutura só estava nas nossas cabeças. isso acaba dificultando o entendimento do filme por parte do espectador.

tem mais coisas, mas deixo para os comentários.

luiz

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Pílulas Praia do Futuro – um filme em episódios

Eu errei, você errou

Um filme sobre distâncias temporais e espaciais.
É noite e vemos a paisagem de uma cidade do ponto de vista de um avião (as luzes da cidade). Gertrude Stein disse que a invenção da paisagem cubista veio junto com a invenção da paisagem do avião. Aqui a paisagem do avião ganha uma outra forma: lágrimas de luz, melancolia e um sereno desespero.
É noite e escutamos uma carta de despedida amorosa do ponto de vista de uma garota (idealista, romântica) tomando o lugar da voz do capitão do avião. Neste momento o avião veste o papel de alegoria (ficção desajeitada): a voz faz parte da diegese do filme porque o avião é um reduto para o sentimento da garota.
Um filme adolescente por excelência.

Castelo de areia

O título já diz tudo, pois o que vemos é uma criança que tem o balde e a pá, mas não tem areia. Um filme que esconde muito por trás das aparências: um monstro secreto. O que me atinge mais nesse filme, a cada vez que eu o revejo, são os momentos de silêncio que existem entre uma fala da garota e uma da mãe ou do pai, pois estes silêncios me revelam um grande vazio: o da família e o do lazer da família. É como se ele fosse uma nota escura do Weekend do Godard. Talvez o filme mais soturno do Praia do Futuro, por incrível que isso possa parecer. O uso da câmera amadora me parece muito justa porque tem uma clara construção e um percurso específico que ela deve percorrer, não é uma curiosidade exótica (esteticista) dos realizadores e muito menos uma exploração barata do suporte.

Pedra

O que uma paisagem esconde? O desespero de uma mãe e a grandiosidade da indiferença do mundo. Este filme contém uma mise en scène fria e mecânica pra falar de um dos sentimentos mais difíceis da mulher: a perda de um filho. Como achar a forma justa? Através da oposição. Só pela oposição é possível equilibrar um sentimento tão forte e maior que tudo. Só pela oposição é possível fugir das ridículas representações de desespero que o cinema tantas vezes já tentou e consequentemente fracassou. Por isso, a paisagem está indiferente, o casal na praia está indiferente, o pescador está indiferente, a câmera está indiferente, o mundo está indiferente. Mas existe uma esperança (perversa, é claro) de que algo deve acontecer. E acontece: a morte. A câmera continua indiferente à mãe, mas acha o seu lugar com o filho morto (num belíssimo e terrível zoom). Um filme de terror por excelência.

Pequena grande história

Da humanidade, mas também do cinema. Decupagem rara de se ver pela sua mobilidade exata, onde estamos sempre onde precisamos estar. Quem é o narrador dessa história? A terra, o homem, o mar, a jumenta, o céu e o homem novamente. Como conseguir unir tantos pontos de vista? Contando com o milagre. É aí que reside a beleza do filme. Ele vai até o limite do cinema, pois acredita na possibilidade desse milagre, com elipses maravilhosas que lembram a famosa elipse do Mocidade de Lincoln e com um uso do fora de campo que abarca tudo, até uma sereia. O filme termina numa nota irônica (de um jeito que só o cinema de invenção consegue) e muito triste simultaneamente. O milagre está cada vez mais difícil, o cinema não é capaz de explodir a humanidade, nem hollywood.

Valores imaginários

Este filme é meu, portanto apenas direi uma coisa.
É um filme imerso em contradição.

Banho de sol para dinossauros

Um diário de viagem. Um filme de amor como Antes do Amanhecer. Um filme de texturas e camadas. Busca por novas formas de relacionar imagens, de tornar o significante plural e aberto (heterogêneo). Todas as relações são possíveis se você está disposto a dançar pelado. O filme dança pelado e convida o espectador a dançar pelado: a entrar num ritual de pele e enigma. E os dinossauros? Eu juro que vi eles dançando também.

Já era tempo

Um filme-esboço a procura de mulheres incríveis. Almodóvar tropical. Um filme que se sustenta em momentos icônicos como o bolo que sugere um melodrama ou o sapato que evoca o desespero de duas mulheres, uma que quer se libertar e outra que deseja se aprisionar. Um filme aberto, sem necessidade de narrativa, pois deposita os sentimentos e os percursos das personagens em pequenos movimentos pontuados por ótimas músicas.

Vídeo (2008)

O filme começa com um ruído branco em cima da imagem do garoto vendado no mar e termina em silêncio em cima de uma imagem branca nos mostrando que a relação da imagem com o som não é tão fácil e natural quanto estamos acostumados. O que vemos é muito pouco, quase invisível, pois quase não há movimento, mas ao mesmo tempo tem muito movimento sendo que se frisarmos a imagem veremos quase nada também (apenas a impressão de um movimento). O que escutamos é a voz doce do realizador que nos engana: sarcástico, grave, irônico e grave novamente. Mas também escutamos sons achados no mundo (virtual) que quase nada dizem como a imagem criando uma sincronia inesperada e difícil de perceber. Um filme que desafia, que escolhe o caminho perigoso do terceiro mundo: divino e maravilhoso.

Aprenda a nadar

Um estudo sobre eqüidistância (e a dificuldade de atingi-la). Um filme sem história que pensa a narrativa. A praia como um palco com dois personagens alienados e deslocados, vide a expressão corporal. Se desse pra controlar a luz do sol é um filme que poderia ser feito quase sem cortes, pois é a mudança de luz que conduz a narrativa e neste sentido um filme que deve muito ao teatro. Mas também deve ao cinema de Bressane que re-significa o mar pelo uso do som alheio. É muito bonito poder perceber o movimento das ondas.

Depois do fim

A cada revisão eu vejo um outro filme. Este filme nos abre a porta da percepção. Força-nos a abrir bem os olhos. O olhar se torna o agente de construção. Quem se dispõe a trabalhar vai encontrar mil e uma possibilidades de encontros e desencontros. Quem se dispõe a se jogar vai adentrar uma espessa e densa camada de sensações alucinadas. Um filme lisérgico por excelência: completamente aberto... pra quem se dispor.

Chama violeta

Filme místico onde a natureza emerge com toda a força para trazer luz aos nossos olhos e às nossas almas. Um filme panteísta. A fragmentação do corpo é muito evocativa para o lugar que o filme quer habitar. É uma beleza que vem de dentro e se espalha por todos os cantos e para todos os lados sem distinção moral: um filme orgástico e dionisíaco. Um filme que faz amor com o mundo, a luz, a água e todo o resto.

p. f

Explosão do amor em imagem incontida. Um filme que resolve lindamente o abstrato com o figurativo trans-criando um sentimento vivo em imagem. Um filme sensorial que transborda a noção de quadro e borda para atingir um ápice, um amanhecer. Em muito me lembra o cinema experimental americano dos anos 60, especificamente o Fuses da Carolee Schneeman. Como o filme da americana, este filme se rejubila numa intimidade revelada, imortalizada.

Mar morto

Um vídeo-poema onde as imagens se ligam por vocação. Um filme sentimental e por isso imperfeito e incompleto, pois o sentimento ainda não está concluído, e nesse sentido um filme corajoso e verdadeiro. Onde o filme mais ganha, a meu ver, são nas soluções plásticas das imagens, onde existe muita qualidade pictórica. Uma qualidade de levitação.

Linha da pipa

Um filme que existe para dizer que a imagem não basta. Mas ao mesmo tempo pra dizer que é só através da imagem que é possível expressar tanta coisa, tanto sentimento. Uma câmera livre de tão presa. Um amor livre de tão preso.

Onde o tempo se perdeu

O registro da luz na praia, Fernando Catatau tocando guitarra e como os dois interagem às mudanças daquele cotidiano. Mas também um filme surfe por excelência. Um filme espontâneo construído na montagem. O filme termina num tom melancólico e solitário. Quando o tempo se perde, nós também nos perdemos.

Ricardo Pretti

sábado, 23 de agosto de 2008

Praia do Futuro

Galera,

Saiu uma matéria do caralho (por falta de palavra melhor) sobre o Praia do Futuro um filme em episódios na Revista Cinética escrita pelo crítico Francis Vogner dos Reis.(http://www.revistacinetica.com.br/praiadofuturo.htm).
Vale muito a pena dar uma olhada.

Fico muito contente com esse filme estar possibilitando e alimentando essas discussões sobre cinema.
Pra quem não viu ainda tem um texto também do caralho escrito pelo cineasta e crítico Marcelo Ikeda (http://cinecasulofilia.blogspot.com/search?q=praia+do+futuro) abordando várias questões que o Praia do Futuro coloca.

Agradecemos aos dois!
E que venham mais impressões tornando o praia do futuro num labirinto de subjetividades e concreto (como tão bem colocou Francis).

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

AVANTE A REVOLUÇÃO










um filme do nosso grande amigo Leo Marona sobre o bar pires que fica em frente à puc (universidade para os que não têm medo de morrer pobre rrss). nós o acompanhamos na filmagem e editamos também. o Álvaro Fagundes, outro grande amigo nosso é o narrador dos textos do Leo. bebemos muito nessa época vodka e conhaque. um filme de entrega e imersão com muito senso de humor. aproveitem.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

IVONE

Parte 1




Parte 2




A Ivone poderia ser o par perfeito para o amador, mas eles provavelmente nunca irão se encontrar.

Fizemos esse filme inspirados num conto da Natércia Pontes. O que mais gostamos nele é o trabalho com a atriz, que resultou muito bem. Talvez a melhor coisa que já fizemos nesse sentido.

A câmera também tem um papel muito importante nesse curta. Na época era importante que ela tivesse liberdade com relação à ação. Porém o que mais me impressiona hoje em dia é movimento que ela faz no terceiro e último plano do filme (parte 2). Acho interessante fazer uma relação com o último plano do Amador (o zoom). Duas formas de aproximação distintas, mas que nos faz pensar na sempre complexa relação entre câmera e ator.

TÃO LONGE TÃO PERTO!

O ponto fraco do filme é a fotografia. A relação claro/escuro que prevalece na luz não ficou bem realizada. Inclusive, é bom avisar que o filme é escuro mesmo (principalemente o começo da segunda parte).

Mais sobre amador

Um texto que o Ikeda escreveu sobre o filme pra uma lista de dez melhores curtas em seu blogue. O texto é pequeno, mas fala muito mais do filme que eu conseguiria em dez páginas.

2 - Amador, de Luiz Pretti

A primeira vez que vi um filme dos Irmãos Pretti (foi em Estética da Solidão) eu descobri um mundo, eu vi a possibilidade de fazer trabalhos intimistas com os recursos que eram possíveis. Era um cinema impossível com o que era possível. Em Amador todo o cinema dos gêmeos está lá: os planos extremamente alongados, essa visão do enorme vazio das coisas, essa dificuldade de dizermos uma palavra uns aos outros, esse enorme rigor com o quadro e com o tempo e esse eterno relaxamento com as aparências, porque o que importa, sempre, é a essência das coisas, mas ela é sempre fugidia e imperfeita. O título, extraordinário, é uma declaração de princípios sobre tudo o que está em jogo: o cinema amador, o amor e a dor. O filme, de cortante simplicidade, revela esse enorme abismo de meio metro entre a vida, a criação, o outro e a liberdade plena.

sábado, 16 de agosto de 2008

AMADOR



Primeiro filme que postamos é um curta que ao nosso ver diz bastante do que a gente estava querendo na época. É um filme bem simples que tenta traçar um personagem um tanto auto-bigráfico, mostrando bem a nossa postura com relação à vida. Como todos os nossos filmes esse também foi feito sem nenhuma grana que não fosse do nosso próprio bolso, revelando uma das razões do título e mais a acertada citação do Rô ao Satie. Abaixo está o texto que ele escreveu sobre o filme.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Amador

Por Luiz Rosemberg Filho

“A paixão pela destruição é eminentemente construtiva”
Bakunin

Observar o conflito sem o submeter aos argumentos da razão que tudo tenta explicar. Aos irmãos Luiz e Ricardo Preti interessa trabalhar o silêncio, a dor, a solidão e o amor. E se tudo se torna difícil, o belo se transforma não no uso da injustiça no mundo, mas na riqueza de administrarmos um outro olhar além das definições globalizantes da razão. Aqui o “Ama-a-dor” é uma espécie de “animal” enjaulado na sua descrença das tantas e tantas simplificações muito convenientes à política dos Partidos, mas não às múltiplas demonstrações de vida da alma humana.

Ora, o que simboliza o gesto, ou os gestos que se indefinem nas imagens de um curta-metragem autoral? Numa análise imediata da percepção do outro, pouco importa uma só interpretação quando a representação passa pelo silêncio que também nada explica, e se permite banhar numa possível desarmonia poética. Em 1961, Ezra Pound disse: “não entrei em silêncio. O silêncio tomou conta de mim”. Ora, também o “Amador” passa seu tempo-real não se camuflando na realeza do saber, mas perdido criativamente entre sonhos e seus pensamentos. E embora pesado como idéia (pois nos obriga a pensar, no fundo), é extremamente leve como fragmentos de situações rotineiras. E no que não explica absolutamente nada, torna-se excessivamente próximo e humano. O “novo” ser contemporâneo substitui o não-fazer revolução alguma, para ser ou não a própria revolução. E longe da firmeza dos discursos, que pouco ou nada dizem, a incerteza de um tempo de linguagem.

Ali uma “nova” história que se repete. Ontem, foi a infância pacífica sobre grandes vôos. Talvez a casa seja a primeira jaula das nossas vidas. E, entre as grades, a vida que corre lá fora. Ontem se foi bolchevista, stalinista, comunista... Hoje uma recusa-pensada às restrições e reivindicações vazias de sentido. O sonho como revolta não se transformou numa plena emancipação do saber. Basta observar “filmes” como “Cidade de Deus”, “Diário de Motocicleta”, “Irma Vap”, “Cazuza” etc. E, abandonados na tragédia do mercado, nada mais se justificou. Ora, justificar o quê se tudo se repete sem importância alguma? Presente, passado e futuro do nada. Que está fora e está dentro de cada um.

O “Amador” tenta entender as suas raízes num filme italiano na TV. A legitimação está na história que já vai longe. A sensualidade jovem cedeu a queixa sobre a estagnação do tempo. Ora, como entender a não-dança das idéias? Ah, a razão perdida! Atenção ao não-movimento interno. Quem fala é a TV. Não o personagem mudo e atento. A saída da retratação-simbólica passa pela mesa envolvida pelo silêncio. Um copo, um prato, uma faca, uma garrafa de vinho, uma cesta de frutas e uma reprodução de Cèzanne das frutas na parede de fundo. Aproximações e diferenças da TV para Cèzanne, passando por Baco. Nem mágoa, nem crueldade – apenas o tempo que leva o personagem para a escuridão que se prolonga como linguagem. A tela escura como expressão do seu cotidiano.

Chega-se então ao jornal. A uma história sem subjetividades. Ora, para que servem os jornais? Para uma apropriação indevida do tempo dos outros, pois nunca informam nada. Formam políticos, marginais e prostitutas. Ou seja, já nasce capenga como referência. E vendem o quê? O nada. Sentado olhando para a sua jaula, o personagem do “Amador” nada vê. Entre móveis e o espaço da jaula-casa, o vazio. É assim. Foi sempre assim. Então a janela. Lá fora o mal-estar da cidade moderna. Um adeus com o jovem personagem dizendo: “Eu te amo”. De costas para o quadro, mas diante de um instrumento musical, procura notas de uma melodia que lembra Satie.

Sentado à mesa no fundo do corredor, o personagem pensa e, mais próximo, volta a repetir no telefone o “Eu te amo”. Amor distante e obscuro. O outsider substancia a sua exclusão da vida que ocorre na cidade. A cidade adequadamente adaptada ao senso comum: prédios, carros e pessoas que passam de um lado para o outro. Uma servidão voluntária à repetição. Mas se o dia passa no vazio da nação, a noite repete as reviravoltas do nada onde o caráter de diversões apenas repete o culto da ideologia dominante do espetáculo para todos. Ou seja, o tempo como substância e justificativa do vazio. E assim chegamos à personagem do “Amador”, andando de um lado para o outro, tentando escrever alguma coisa que não será lida ou vista.

Por fim, a flauta quase que como lamento convulsivo, numa experiência maior do mundo. Talvez uma transposição do que estava sendo escrito anteriormente. Talvez um rompimento com o silêncio obrigatório. Talvez uma ruptura com a passividade, visto que a boa música se desfaz na intimidade, no âmbito da mercadoria. A sua força é mágica e passa por outros registros. E tocada por um “Ama-a-dor” torna-se uma aprendizagem de abstrações e percepções, sem tradução possível. Ou seja, ao não identificar nada que possa ser usado pelos baixos interesses do capital, o “Amador” torna-se mais humano, mais profundo e mais confiável como uma doce manifestação amorosa para o Cinema. Cinema-reconhecimento. Cinema-subjetivo. Cinema-sonho, Cinema-vida. Cinema-cinema.... Parabéns aos realizadores.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Aqui iremos postar cenas de filmes e curtas que fizemos e que vêm ocupando as nossas vidas há oito anos. Estes filmes, na sua maioria, foram muito pouco exibidos e por isso queremos revisitá-los e dar a chance das pessoas interessadas conhecerem o nosso trabalho.
Além dos filmes, estaremos postando textos sobre filmes (e cinema) ou sobre qualquer outro assunto que nos esteja obcecando.
Agradecemos ao nosso grande amigo Pedro Estarque por ter nos aberto os olhos para a importância de um blogue como este.