segunda-feira, 1 de setembro de 2008

DIAS EM BRANCO










fizemos esse longa com alguns amigos. isso é talvez a afirmação mais contundente com relação a esse filme. esses amigos não tinham, e continuam não tendo, nada a ver com o fazer cinematográfico (a não ser em nossos filmes). esse filme é sobre a nossa amizade, uma amizade livre de qualquer interesse a não ser pelo de se encontrar e o de se estimular criativamente (intelectualmente). uma típica amizade jovem (talvez não tão típica). eu fico muito feliz em ver a maneira como todos se jogam pra fazer o filme aparecendo na frente da câmera, se colocando como criadores do filme junto com a gente.
em muitos momentos fica patente a nossa ingenuidade jovial que quer falar de coisas que a idade não parece permitir: jovens não são daquele jeito, não podem falar aquelas coisas, ninguém tem tanta crise assim nessa idade e assim por diante. talvez se fôssemos franceses seria mais fácil de aceitar esses jovens rssss.
um outro dado pertinente no filme é o de sermos burgueses, coisa que no cinema brasileiro é um pecado a não ser que você seja o domingos de oliveira ou faça comédias (vide walter hugo khouri). burgueses da zona sul carioca que (como disseram uma vez) deveriam conhecer a tijuca.
escrevo isso tudo pra dar uma idéia do que estava em jogo. acho que fica bastante claro o porquê da falta de interesse em nossos filmes. poderíamos dizer que eram filmes suicidas, mas para além disso, os filmes eram feitos com muita paixão, muito amor por cinema e uma incansável e inquieta vontade de se superar e de ir o mais fundo no que a gente tava fazendo.
o filme foi feito num clima de total descontração. íamos pras casas dos amigos e ficávamos batendo papo até chegar um momento que achávamos que estava bom pra filmar. e dessa forma o filme foi aos poucos se fazendo. queríamos fosse assim, pois o filme anterior (performance) tinha sido um estresse de produção (pelo menos pra gente).
o filme é sobre esses amigos, mas tem uma coisa engraçada que é que eles nunca conseguem se encontrar. só no final.
vamos postar algumas cenas que talvez sejam as mais interessantes, mas escolhemos elas por acreditar que elas mostram o que tem de mais instigante no que a gente faz. ainda gosto muito dessas cenas. quem viu "do diário de sem dias" do post anterior perceberá como os dois filmes tem muito a ver um com o outro. vemos até o mesmo buraco na sala.
também postaremos três texto que foram escritos sobre o filme. dois pelo ikeda e um pelo joão duarte.
por favor, sintam-se a vontade de comentar.

5 comentários:

leonardo marona disse...

amo vcs e vcs estão sempre aqui comigo. esse filme pra mim representa uma época em corríamos pelas ruas como personagens truffautianos, apostando corrida pra ver quem cansava primeiro. uma época em que não sabíamos o que fazíamos mas fazíamos intensamente. uma época em que, de alguma forma, boiar sobre a terra era ainda algo cálido, algo possível de se fazer sem desespero (apesar do sereno desespero pelo qual éramos, às vezes, tomados sem anestesia) porque estávamos juntos e éramos muitos, de todos os jeitos, com os sonhos ainda distantes, e por isso tão bom poder discordar àquela época, soltar pipas filosóficas em ruas de mentira, saborear o tremor de viver até o fim.

Anônimo disse...

"a audácia da juventude". como você disse leo: "uma época em que não sabíamos o que fazíamos mas fazíamos intensamente". é tão bom não saber! gostei muito de rever esses trechos. apesar de elementar o uso do som está muito criativo e expressivo. se eu não me engano é nesse filme que tem um plano que percorre uma sala e uma voz over diz: "eu admito, eu não sei o que é cinema" (não sabíamos e continuamos sem saber, com a diferença que na época o cinema era maior que a vida enquanto que hoje é uma forma de viver). não vejo inércia e apatia como alguns me disseram, eu vejo movimento, corpos, arquitetura e histórias íntimas (de olhares e anseios).
ricardo

Anônimo disse...

leo,

tu viu que a gente botou o avante a revolução?

intensidade foi fazer esse filme rsssss!!!

ainda vou colocar mais alguns trechos do dias em branco. no total eu selecionei 9 partes (incluindo o seu monólogo que estou pensando em colocar junto com o do ricardo no homem sem mulher).

Anônimo disse...

Queridos irmãos Pretti!
Fiquei felicíssima de achá-los aqui!...Tanta euforia que acabei escrevendo antes de "devorar" o blog.( a intenet lenta ajudou!..)
saudade de vocês e das ótimas conversas!Vamos marcar!!..tô no Ceará até dezembro!..Abraço e beijo nos dois! Margaretha

Anônimo disse...

é foda. não tem como ver aqui nesses computadores, fica só um espaço em branco. mas esse filme remete a coisas muito boas. enorme abraço em todos.
Alvaro